A dupla Ricardo Teodósio e José Teixeira são os campeões nacionais de ralis de 2023, após um brilhante luta durante a época com o Miguel Correia, o José Pedro Fontes e o Armindo Araújo!
O piloto algarvio de quarenta e sete anos, conquista assim o seu terceiro título de campeão nacional igualando os pilotos Adruzilo Lopes, Bruno Magalhães, Fernando Peres e Ricardo Moura, tendo a possibilidade de alcançar no futuro próximo o Carlos Bica e Joaquim Santos.
Mas se voltarmos atrás no tempo até o início da presente temporada, poucos adeptos acreditariam que isto poderia acontecer porque a Hyundai Portugal tomou a decisão inédita de contratar o Craig Breen para aumentar as suas chances de ser campeã. Uma decisão controversa que muita discussão criou nas redes sociais, meios de comunicação social e até nos pilotos e equipas rivais. Apesar de enquanto adepto não me opor a estas situações porque quero ver os melhores pilotos a correrem em Portugal, até percebo e tendo a concordar com os argumentos de quem é contra a decisão.
Craig Breen arrancou a época como o grande favorito ao título e na primeira prova confirmou toda a sua superioridade ao deixar a concorrência a mais de um minuto e meio de distância. Infelizmente a sua última prova foi o Rallye Casinos do Algarve onde desistiu após um acidente.
Foi aqui que a luta entre Miguel Correia e Ricardo Teodósio se iniciou, após o último vencer a sua prova algarvia. Durante a fase de terra do Campeonato Portugal de Ralis, o Miguel Correia esteve mais forte e foi ao pódio em três das quatro provas. Contudo, na fase de asfalto, as restantes cinco provas, os seus desempenhos caíram e a sua vantagem no campeonato foi diminuindo prova após prova.
O Ricardo Teodósio e o José Pedro Fontes, como habitualmente, estiveram muito fortes na fase de asfalto e colocaram-se na posição de estarem na luta pelo título à entrada para a última prova. A este grupo de três pilotos juntou-se o Armindo Araújo, que após um acidente grave na prova inaugural, recuperou a sua forma e juntou-se à luta, ainda que algo distante e a não depender só de si.
Quem tinha obrigação de também estar na luta é Kris Meeke, que foi contratado pela Hyundai Portugal para ocupar o lugar vago deixado após o falecimento do Craig Breen. Mais uma vez o piloto norte-irlandês acabou por ter uma época marcada por algumas desistências.
A época termina com o Rallye Vidreiro – Centro de Portugal, uma prova clássica do campeonato, que prometia uma bela luta entre os quatro candidatos ao título. Uma escolha errada de pneus do Armindo Araújo colocou-o fora de equação desde cedo. Uma ligeira saída de estrada, escolha errada de pneus e a falta de andamento habitual em provas de asfalto também retirou as chances ao Miguel Correia, deixando a luta ser entre o Ricardo Teodósio e o José Pedro Fontes. O piloto da Citröen acabou por ter um acidente quando vinha a forçar o andamento, deixando o título nas mãos do Ricardo Teodósio que apenas teve de gerir durante as últimas classificativas. Ainda houve tempo para dar espetáculo ao público na curva com o seu nome, durante a classificativa de São Pedro de Moel, antes de terminar a prova.
É um título merecido para o Ricardo Teodósio, que durante alguns anos deu a sensação que não iria conseguir transformar o seu potencial, rapidez e espetacularidade em vitórias e títulos, mas que, felizmente, desde 2018 me provou o contrário e é um dos pilotos de referência do campeonato que leva consigo um grande número de fãs às provas. Este título é, para mim, justiça poética!
No final das contas, foi uma aposta ganha da Hyundai Portugal, ainda que se calhar o campeão não foi o piloto que esperavam. Contudo, a marca sul coreana venceu seis das oitos provas e foi o seu melhor ano de sempre no campeonato, numa altura em que os carros da marca Skoda tendem a dominar os campeonatos da categoria Rally2. Estou curioso para saber qual será a estratégia da marca para a próxima época porque os resultados deste ano foram excelentes.
Uma palavra de apreço para os restantes três candidatos, ao Miguel Correia por ter elevado o seu desempenho substancialmente e provar que é capaz de lutar por mais, ao José Pedro Fontes por voltar a estar na luta após uns anos algo apagados e, por fim, ao Armindo Araújo pela recuperação notável que fez neste campeonato.
Para terminar, não deixar de mencionar que apesar da subida de nível por parte dos concorrentes, a FPAK e alguns clubes organizadores deixaram bastante a desejar. Desde provas a começar sem listas de inscritos publicadas, a um fraco trabalho a promover os eventos, a um calendário algo desajustado ao que deveria ser, entre outros.
Esperemos que as coisas melhorem no futuro, como, por exemplo, a boa surpresa que foi transmissão em direto por parte da SportTV desta última prova. Esteve longe de ser perfeita, mas permitiu que nós fãs que não tivemos possibilidade de ir ao evento estivéssemos informados em direto e a ver imagens da prova. Um bem-haja a todos os envolvidos nesta iniciativa e que tenha sido o início de algo maior para as próximas épocas.